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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

O Adeus do Homem Mau

Jazia o corpo inerte na cama, apenas aos globos oculares brancos que nem cal se mexiam. Já havia dias que o diabo puxava o seu corpo em direcção às chamas do Inferno. De um lado da cama, as suas duas filhas, Ana e Joana, ordenadas da mais nova para a mais velha mas só com diferença de dois anos, torciam azarentas pela sua morte, e do oposto lado da cama rezava o padre Alfredo, agarrado em fé a uma cruz. Jorge, homem rico, dono de tudo quanto os olhos poderiam avistar em Trancoso, definhava agora perante as filhas sedentas pela sua abastada riqueza que lhes seria trespassada assim que morresse e pelo padre que ansiava por mais um funeral para alimentar a sua paróquia.
A tosse teimava em mantê-lo acordado, trazia-o de volta do outro mundo cada vez que fechava os olhos. Haveria de pagar em morte os pecados da vida terrena porque Deus não reservou certamente um lugar no céu para tamanho pecador. Habitaria então, assim que a sua vida terminasse, um sítio que, segundo dizem, está cheio de boas intenções.
A voz rouca adivinhava as últimas palavras do doente homem: «Tanta dor nem dá direito a ver a luz... para a próxima vou em primeira classe...», os olhos reflectiram a cara dos tiranos mesmo antes de fecharem para não abrirem mais.



sábado, 17 de outubro de 2009

Windows Live Writer Coiso Post

Só por causa da azia das coisas tou a postar com o WLW… só mesmo para ver se resulta…

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Comboio das 6 e 32

Pisava a linha de ferro devagar, deitando pela chaminé um fumo negro resultante da combustão do carvão. Apitava na Junqueira às 6 e pouco deixando um rasto de fumaça por onde passava. Parava lá em cima, na estação antiga onde não entrava vivalma e saíam outros tantos. Entrava no café do Isidoro, todos dias sem excepção, às 6 e 32 em ponto, bebia um galão sem açúcar e partia sem pagar. Como era velho e sujo ninguém lhe cobrava.

[MERDA! NÃO ME APETECE ESCREVER MAIS!]  

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Estúpida Fábula Sobre O Cão Que Não Falava

«Todos os cães fazem "ão ão"» Dizia a professora Cremilde em frente ao quadro negro que peculiarmente até era verde-escuro. A ideia agradou a todos os pequenos infantes e alguns imitaram até a "exótica" onomatopeia, todos menos o pequeno Carlos que levantou de imediato o acanhado polegar. «Se todos os cães fazem "ão ão" e sabendo que "ão" só existem na língua portuguesa... quer dizer que todos os cães falam português?". A docente ajeitou os óculos que haviam escorregado até à ponta do nariz, aproximou-se do reticente petiz com cara de pouco amigos e resmungou: «A linguagem humana é própria dos humanos e não dos animais». Carlos baixou a cabeça em sinal de concordância, pois não seria a primeira vez que a sua inoportuna perspicácia faria com que a palma da mão da professora tocasse as suas faces.

Chegando a casa, carregando a mochila pesada com aqueles livros que todos tivemos: Estudo do Meio, Matemática, Língua Portuguesa, mais os cadernos e o estojo cheio de canetas de feltro, dirigiu-se imediatamente para a casota do cão, o Vasco da Gama, um diminuto pincher preto. «Olá, sei que tu me percebes... hoje na escola a professora não me quis dizer, mas eu sei que os cães são todos portugueses" Carlos olhava agora para os olhos do pequeno cão enquanto este torcia a cabeça, aquele movimento estranho que todos os cães fazem quando não percebem as coisas. «Vá lá... fala comigo! Até te dou os biscoitos mais cedo hoje se falares... só uma palavrinha».
Estranhando a atitude do dono ou pressentindo a passagem de algum esquilo, o Vasco da Gama desatou a correr pelo jardim fora. «O silêncio é o partido mais seguro de quem desconfia de si mesmo!»

Post-It Amarelo Amarrotado

Se tivesse uma máquina de escrever não tinha um blog!