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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Nossa Luta de Almofadas e Chinelos Eu Ganhei

James partira de Cardiff há quatro horas e agora aporta o seu veleiro em Wexford. Acende, com dificuldade devido ao vento forte, um fósforo e ateia fogo a um Sweet Afton, fuma-o criando à sua volta uma pequena neblina enquanto recolhe as velas do veleiro.

Já Joanne o espera em casa, sabe que ele não chegará à hora combinada, sabe que ele irá para um qualquer bar da zona, onde olhará para outras mulheres, sabe também que ele não anseia estar com ela, mas no entanto, nada disso a demove de continuar a ser sua mulher, criar os seus filhos e amá-lo como no primeiro dia, da mesma maneira que haviam jurado ao padre à seis anos atrás.

É noite, James chega a casa bêbado, cansado, sujo duma semana detrabalho, os filhos correm e gritam pela casa, Joanne está feia, magra, despenteada e faz o jantar enquanto ralha, na sua voz áspera, com as crianças. O homem entra combalindo pela casa, resmunga em voz baixa, entretanto instalou-se um silêncio, sobe as escadas que vão dar aos quartos respondendo de uma forma imperceptível às perguntas de Joanne.

Ao entrar no quarto, James ouve gritos vindos do sótão e dando passos em falso sobe a escada de madeira que dá entrada no sótão. Dois dos seus filhos, Bernard e Carolinne, brincam alegremente, destruindo duas almofadas uma contra a outra. Gritam e riem alegremente alheios ao cansaço de James que pretende dormir, nem sequer o vêem entrar. O pai agarra no braço de Bernard e puxa-o com violência, quase arrastando o seu frágil corpo até à sala.

Com o cinto de cabedal, chicoteia as costas nuas do próprio filho, como se de um acto de loucura se tratasse, chicoteia-o dez… onze vezes com fúria, possuído pelo álcool, enquanto Carolinne chora num choro só abafado pelos gritos do irmão.

Joanne pede de joelhos para que pare quanto ele começa a esbofetear a filha, mas James não ouve, nunca ouviu e nunca há-de ouvir os apelos da mulher mas uma coisa é certa, amanhã não se lembrará de nada, nunca se lembra…

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Post-It Amarelo Amarrotado

Se tivesse uma máquina de escrever não tinha um blog!