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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Pedaço de hipotética literatura escrito quando ainda não existiam pinturas em Foz Côa

Tiram-lhe a venda negra e pela primeira vez Rose Mary vê a cor incógnita do dia. A luz fere-lhe os olhos até agora inutilizados pela cegueira que nasceu com ela, mas rapidamente habituam-se à claridade enquanto a pupila dilata e contrai ao ritmo das luzes.
A televisão estava ligada e os corpos moviam-se lá fora, Detroit não lhe parecia tão explícita, tão crua e real aos seus ouvidos como parecia aos seus olhos. 
Rose Mary abre a janela, olha para cidade, procura a fonte dos gritos infindos que a perturbam durante a noite mas só encontra uma paisagem inestética aos padrões de beleza que ela criara na sua cabeça.
Caíram assim as primeiras lágrimas, vitimas da insída dos seus próprios olhos, mostrava assim o desgosto de ver e a perda do prazer estético desinteressado, do escuro e da imaginação das cores e formas.
Todas as cores pareciam menos brilhantes que nos seus sonhos e custava-lhe a crer que a visão se resumia a algo tão básico, a alegoria cromática não passava de uma farça.

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Por incrivel que pareça eu não faço a mínima ideia do que raio significa "prazer estético", "insída", "alegoria cromática" ou até mesmo "padrões de beleza", portanto todas as palavras aqui usadas foram escritas ao calhas e sem qualquer motivo aparente. 



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Post-It Amarelo Amarrotado

Se tivesse uma máquina de escrever não tinha um blog!